sábado, 31 de dezembro de 2011

Para mim Honolulu é o melhor do Lulu.



Esse Honolulu é meio considerado lado B, pelo próprio Lulu, mas garanto que não tem a tentativa de soar complexo e “genial”, como o anterior Popsambalanço & Outras Levadas. A instrumental moonsense, faixa que abre o disco, posicionava-se bem a frente da época, indicando o futuro da música pop. Depois de uma overdose de ritmos tropicais e inovadores em Popsambalanço, Lulu voltou a respirar a sonoridade rock e vestir a temática popsurf zen”. Era inicio dos anos 90 quando ouvi o vinil pela primeira vez. Talvez essa transição de década fora uma das mais tensas no Brasil e no mundo. O muro de Berlim ia ao chão, o ex-presidente Collor lançava um plano econômico tão imprudente quanto “um tiro no escuro”, a guerra no Iraque era principal destaque na mídia, a indústria musical fechava as portas para o rock que era substituído urgentemente pela lambada e música sertaneja.  Um grande amigo – fã de carteirinha – possuía o LP Honolulu, e era o seu disco preferido da discografia do Santos. Meados de 1993 nós ouvíamos juntos esse disco, debatendo assuntos atuais e imaginando a maior gata da praia do Janga, décadas depois, mergulhada na canção nostálgica papo cabeça. Essa balada pop song fala de um reencontro, de um possível vasculho no passado sem grilos e brios... A gente se amarrava na letra de papo cabeça, hoje presente em seu segundo disco acústico em uma justa releitura. Outro hit delicioso é a esperta versão para i am beliver do The Monkees, que se transformou em não acredito, com um poderoso e pegajoso refrão. As canções desse disco absorviam toda tensão vivenciada em uma época de transição, guerra, crise política, individualismo e incertezas. Prova é a bem sacada e elaborada samba em Berlim, que exalta a festa depois da queda do muro alemão, destaque para as iradas linhas de guitarras gravadas nessa faixa. A hiper pop pra você parar, também foi outro hit nas rádios, e repito, em uma época de depressão e fim dos tempos. As mais pesadas leia meus lábios(que era saudada pela instrumental rio comprido blues) e senta a pua traduziam com eficácia a previsão de explosão que vivia o Brasil. Duas porradas bem acertadas! O interessante é que as letras continuam atuais, nada soa datado ou saudoso, pois o mundo não muda nunca, os problemas continuam os mesmos, de outro formato e tamanho. Já a sonoridade é exatamente o que se tenta fazer hoje, driblando a tecnologia e excesso de "inovações". E para fechar o disco com chave de ouro, Lulu mandou uma bossa despretensiosa, outro-papo, felizmente! Garanto que é um dos melhores da discografia do Lulu, e para mim, ainda é o melhor!

Gamma

Ao Cleison Ximenes, grande fã do Lulu, que me fez ouvir varias vezes esse disco, tornando-o mais uma trilha sonora de nossas "andadas" pelas praias do Janga dos anos 90. Podem baixar em melhor qualidade de mp3 / 320 kbps:

http://www.4shared.com/zip/tHOyV0z8/Lulu_-_honolulu.html?

sábado, 24 de dezembro de 2011

Bob Dylan e Steve Jobs ?



Esse do Bob Dylan é mais calcado no folk e country. Mas, porém, tem lay, lady, lay, que para mim, é uma das músicas mais lindas do mundo! E já valeu o disco! O Duran Duran a regravou, no álbum Tank You, que também ficou fodástica. Mas a original é a original. Fora a capa do disco que é linda, dou mais um motivo para baixar e ouvir esse, era um dos discos preferido do Steve Jobs. Oh grande motivo! O que tem a ver Steve Jobs com Bob Dylan? Ah sabe-se que em sua juventude, quando ele fumava skank, era um fã do Bob Dylan. E o Jobs foi tão importante para a tecnologia, assim como Dylan foi (e é) para música. Saída esperta né!? ;)

                                            "lay, lady, lay" canção infalível!
Gamma

Pode beber, fumar e foder, sem moderação:


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um presentinho de natal !



Bem, esse disco dispensa comentários. Sugiro os blogs da vida que rondam pelo Google, como esse... Que babam esse disco até escorrer. Não é pra menos, além de estar na lista dos 1001 discos para se ouvir antes de morrer, e na lista dos 100 melhores discos de todos os tempos da música brasileira, é a gravação mais descontraída e inusitada existente em nossa arte pop tropical. Músicas longas(taj mahal virou uma viajem de mais de 14 minutos) e disco duplo, em duas versões. Essa é a versão original, ou seja, sem cortes. Pois foi lançada uma versão mais compacta, ou, diga-se de passagem, mais “comercial”. Gil e Jorge juntos, chapadaços(bem, ao menos em transe!), encarnados em Xangô e Ogum. Como nas melhores gravações de jazz, nesse, apenas o violão, baixo e a percussão são improvisados juntos e livres em um só play, dentro de clássicos de Ben e Gil. Ouço esse disco há mais de dez anos... Sempre. Nunca postei nada, pois nunca encontrei palavras técnicas ou coloquiais para decifrar tantas sensações agradáveis aos gratificados tímpanos abençoados por essa obra. Dois grandes músicos no auge de suas criações, juntos, num estúdio! Dois violões, dois black stars, duas divindades do candomblé, dois expoentes máximos da música brasileira... Só podia resultar em uma obra prima! E não posso deixar de mencionar a inspiradíssima capa do disco. Só ouvindo... Pra sentir! Com uma cerveja fodásticamente gelada! Ave Gil e Jorge!

contra-capa do vinil

Pode se chapar, em 320 kbps, alta qualidade mp3:
http://www.4shared.com/zip/QCw7P8a7/Gil__Jorge.html?

Mais um rock alternativo de primeira linha!



Galaxie 500 é um prato de iguarias para quem não gosta de rock barulhento. É o biscoito fino do alternativo. Essa banda californiana eu ouvia em fita no inicio dos anos noventa, quando resolvi deixar os cabelos crescerem. Me emprestaram e nunca mais devolvi a fita. Nunca tinha visto um LP do Galaxie 500 no Brasil. Quando eu projetava uma banda na cabeça, esse era o som em que sonhava fazer. Barulhinho cru, técnicas de gravações propositalmente orgânicas, lindos solos "hendrixianos" emocionalmente sinceros e puros, como aquela adolescência ingênua pelas praias do Janga. Hoje muitas bandas tentam captar essa atmosfera, mas nem sequer acertam na trave! Pureza e honestidade são atributos que não se forçam, são naturais e gratuitos. Pra quem gostou(gosta) do Velvet Underground, vai ficar viciado no Galaxie 500. Esse em questão, the portable, trata-se de uma bem bolada coletânea da banda. Como o próprio título sugeri, "o portátil", é qualquer coisa que pode ser lavado e usado em qualquer lugar. Olha ai que bacana, mais um presentinho de natal, uma deliciosa coletânea dessa maravilhosa banda. Sendo assim, pra quem não conhece o Galaxie 500, já é um bom motivo para passear os ouvidos pelo melhor de sua discografia!




Dean - guitarra 
Damon - bateria
Naomi - baixo

Gamma

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Geraldo muito além de "dia branco" e "chorando e cantando".



Às vezes lembro alguns luais perdidos no passado do Janga, bairro litorâneo que me criei... Basta ouvir alguma música do Geraldo Azevedo que vou até lá, no passado... Nessas idas tenho medo de ficar por lá. É aquelas músicas manjadonas do Geraldo, como dia branco, trilha sonora que embalou muitos namorinhos nos janeiros de verões. No Janga, na década de oitenta, para conquistar uma gatinha “cabeça”, dia branco no toca fitas do fusca era infalível. Resolvi postar esses dois discos, que marcam o auge da criatividade de Geraldo, que estreou em 1972 ao lado de Alceu, dividindo o disco Quadrafônico – que breve postarei aqui – uma pérola psicodélica pernambucana. Só em 1977 que Geraldo fez sua estréia solo. Dois motivos para mencionar esses dois belos discos aqui: possuí o primeiro vinil em casa e ouvia quando criança. Segundo motivo: tratasse de duas obras primas da música nordestina. Aqui não vais encontrar seus conhecidos “greatest hits” como a citada dia branco ou moça bonita, chorando e cantando, canta coração, dona da minha cabeça...  Mas vai saber o motivo de Geraldo Azevedo manter um público fiel, crescente e que está muito além de dia branco e chorando e cantando. Afirmo que a estréia é quase a continuação do Quadrôfonico, em parceria com Alceu.  Mas se antes a maioria das canções foram creditadas a Alceu, nesse disco de estréia, ficou claro o talento de Geraldo e a quantidade de canções valiosas escondidas na manga. A primeira que abre o disco e a sua carreira solo, cadê meu carnaval, é um samba de terreiro de primeiríssima qualidade, misturando um jogo complexo de palavras africanas, creio que difere de quase tudo que Geraldo já fez. É nesse que tem a clássica “caravana”, transformada em uma suíte – aquela do refrão que arrasta o coro do público em seus shows “la lalala la auê” –  dentro de um bem sacado pout-porri, incluindo talismã e barcarola do São Francisco.  E também tem pedra e cal, que mostra o lado rock e blues de outras influencias absorvidas do esquecido movimento pernambucano “udigrudi”. No disco Bicho de Sete Cabeças que carimbou seu nome e o projetou para todo o Brasil, emplacando a psicodélica e clássica taxi lunar, do power trio nordestino Alceu, Zé e Geraldo, traz canções mais amigáveis com o  rádio. Diga-se de passagem, nesse segundo disco, quase todas as canções foram compostas em parceria com Carlos Fernando, grande idealizador do Asas da America e responsável pela a modernização e expansão do frevo. A viajada taxi-lunar se não foi gravada, foi cantada, tanto por Alceu e registrada pelo parceiro Zé Ramalho no disco Orquídea Negra, mas a gravação de Geraldo é a versão mais conhecida desse clássico lisérgico, praieiro e obrigatório em qualquer luau. Passam anos, passam anas e esse psychedelic hit continua aceso nos violões da garotada das praias pernambucanas. A minha preferida é semente de Adão, presente em tema de novela (mini-série Amazônia) e no disco cantoria I; é perfeita (!), embutida de efeitos orgânicos parecidos com os ruídos produzidos por Hermeto Pascoal. Infelizmente não consegui encontrar as referencias de produção e nem mesmo os músicos que acompanharam Geraldo Azevedo nesses dois discos. Nem no próprio site do artista tem informações. Em bicho de sete cabeças – outro clássico estudado nas universidades de música, pela sua complexidade – ganha letra e voz participativa da então desconhecida Elba Ramalho. Paula e Bebeto de Milton e Caetano e meu pião de Zé do Norte emendada com águas de março de Jobim, com o toque pessoal de seu violão, registrando definitivamente seu estilo único como compositor e interprete. Vale a pena ouvir e ver com outros olhos esse talentoso artista de nossa música popular brasileira. A gravadora poderia relançar em embalagem especial, com encartes, dados de produção e breve estória de bastidores de gravação. Mas a iniciar pelo site do próprio artista, que pouco relata sobre as obras discográficas e motiva canções de altíssimos valores permanecerem escondidas nos lados B.


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A revolução do jazz fusion!


Todos os amantes do jazz sabem que esse é o disco, e o Miles Davis é o cara. Mesmo finado, deve estar em algum lugar desse universo infinito, continuando “o cara”. Novas possibilidades e conexões musicais inéditas são exploradas sem economia nesse clássico da música experimental pop. O jazz deixou a raiz e incorporou guitarras com efeitos, blues, acid rock, funk... Não permitindo o papel ao sax de apenas coadjuvante. Dá pra entender? Só ouvindo nos tímpanos! Impressiona pela inovação progressiva e basicamente pelo pioneirismo no jazz fusion. Pois as influencias de Miles Davis na década de 60 ficaram claras nesse "bitches brew": James Brown, Jimi Hendrix, Sly and Family Stone entre outros. Além de absorver, o próprio Miles era amigo dessa geração histórica e rebelde, pois se conheceram através da noiva do Miles, a modelo Betty Mabry. Para se ter mais dimensão da diversidade, vale mencionar o tempero do percussionista brasileiro Airto Moreira, que toca no disco inteiro. Em menos de um ano “bitches brew” alcançou meio milhão de cópias vendidas. E viva a música! Onde um disco de jazz venderia assim? Só em seu país de origem! No Brasil, um disco de bossa nunca atingiu essa marca em um ano. Foi oficialmente o primeiro disco de jazz a fundir jazz & rock. Esse registro especial vem com uma faixa bônus, de título “feio”, onde o som de uma cuíca gaiata desafia o sax do Miles, o sax que é ponto de convergência do “bitches brew”! Vale ouvir tomando uma cerveja preta, bem gelada! ;)

Gamma

Pode beber, ops, baixar:

http://www.4shared.com/file/v7-fJGh6/Miles_Davis_-_britches_brew.html?

domingo, 4 de dezembro de 2011

Abstract Truth - duas iguarias africanas em uma só garrafada!




Quando morava mais só do que merecia, ouvia bastante as coletâneas do produtor Thomas Hartlage, que garimpou a música psicodélica do mundo, a registrando em dez volumes, incluindo o Brasil. Eu possuía todos os volumes rodando em meu aparelho de mp3. Era no minimo viciante. As bandas eram dos anos 60 a 70, e impressionantemente “undergrounds”. Esse produtor não incluiu bandas de “sucesso”, são quase todas desconhecidas. Até mesmo o volume seis, do Brasil, em maioria as músicas são de artistas solos desconhecidos e bandas obscuras dos anos 60/70. Do volume oito, African Psychedelic, uma banda me chamou atenção: Abstract Truth. Descobri através dessas coletâneas que não eram apenas os americanos e ingleses que entendiam de ROCK. O Abstract Truth pode ser um marco underground da criatividade da África do Sul. Lançaram apenas esse dois discos Totun e Silver Trees, e o segundo com prensagem limitada de 500 LPs. O primeiro(Totun) é composto basicamente de regravações com sotaque próprio e arranjos quase que imperceptíveis – destaco uma linda versão para o sucesso popular “summertime”. Nos dois discos, algumas faixas são cantadas e outras instrumentais. As faixas cantadas são calcadas no folk. Nesse Totun podemos afirmar que a flauta ganhou mais evasão que o sax. É o jazz africano que quase não difere do jazz brasileiro. O segundo LP Silver Tees é de composições próprias, absurdamente cool , mais pop que o primeiro e com regradas doses de psicodelia. Os dois trabalhos do Abstract não fazem feio as bandas inglesas como Traffic e Jethro Tull. Impressionava-me e causava-me sensação agradável ao ouvir instrumentos étnicos embutidos dentro do jazz cool, com teores razoáveis de psicodelia e solos sofisticadíssimos de guitarras. Era como se Hermeto Pascoal e Nana Vasconcelos encontrassem Frank Zappa e Miles Davis no estúdio, dentro de um só formato sonoro. Muitas vezes o solo da flauta não faz a falta da guitarra. Mas sim(!), a guitarra sempre lá, embebida de grooves e efeitos, dividindo constantemente espaço com o jazz, dentro de um equilíbrio estranhamente perfeito e orgânico.
     Destaque para summertime do Totun, e, in a space do Silver Trees, que criam climas e lembranças.

Vale mencionar o nome desses maravilhosos músicos.

Ken E. Henson (guitarra, vocais); Peter Measroch (piano, órgão, flauta, cravo, vocal), George Wolfaardt (baixo, flauta, bateria, vocais); Sean Bergin(saxofone, flauta).
Nem mesmo na wikpedia encontrei informações mais completas sobre o Abstract Truth.

Vale ouvir saboreando um vinho, geladérrimo ou fazendo um turismo cool pelos caminhos da Amazônia(infelizmente ameaçada de morte por garimpeiros, fazendeiros, políticos gananciosos, madeireiros, caçadores...(!)).

Obs: são os dois discos em um só arquivo.
Pode baixar e ouvir sem moderação:
Gamma

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mônica Feijó - aurora 5365


Mônica, apontada como musa do manguebeat, estreou com excelência e talento nesse independente "aurora 5365", flertando com o drum bass artesanal(!) e o trip-hop, colando por cima desses gêneros, elementos como o samba, bossa, mangue e candomblé. Merece destaque a captação orgânica das batidas, com ecos e técnicas utilizadas nas gravações dos anos 70. Atenção também para a produção independente, gravado no Recife, com quase todos figurantes da cena bit envolvidos, inclusive o belo texto de Fred 04, no encarte do CD. O destaque dessa cantora, diva do movimento pós-manguebeat, eram suas apresentações de divulgação do “aurora”, esbanjando personalidade e performance de deixar qualquer um arrepiado. A econômica banda que a acompanhava, era de primeira linha! Mas parece que Mônica deu uma alta amadurecida na segunda investida, a mesma resolveu resgatar sambas pernambucanos, ficou mais comportada nas apresentações e perdeu sua marca registrada que era sua encarnação de xangô nos palcos. O chato é que não veremos mais a Mônica soltando aquele grito destorcido alavancado do fundo da alma, quando ela berrava: o filho predileto de... Xangooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!

Achei esse vagando pela internet, provavelmente do acervo do grande Dj Elcy, amigo da cantora e produtor das históricas e excelentes coletâneas Recife Rock Mangue.

Pode baixar, em alta qualidade, 320 Kbps.


Gamma





quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Trilha sonora de "A Bela do Morro".

No próprio livro, no prefacio, quando foi relançado no site do clube de autores, havia dito que postaria em um blog qualquer a trilha sonora clandestina. Pois nunca sai ligando para os artistas e gravadoras para pedir autorização pra incluir suas músicas como trilha sonora. Quem leu o livro, me pedia a trilha sonora que distribuía particularmente para os leitores, como um brinde, mas agora ai está, pra quem quiser baixar. O livro está no site clube de autores. Já que a história tem como pano de fundo o Recife, em maioria, escolhi músicas da cena local. Havia optado por uma trilha sonora de músicas da cena independente pernambucana, mas não consegui encontrar temas que cabiam no contexto do livro e fui mais adiante não restringindo o conteúdo apenas a Pernambuco. As músicas no grosso, abordam temas relacionados ao amor. Escolhi as conhecidas e desconhecidas também, como músicas do paulista Walter Franco, do paraibano Totonho, do alagoano Wado e das musas Andrea Marquee, Mônica Feijó e Stela Campos, essa última interpretando com o Loop B um grande sucesso popular de Reginaldo Rossi. Mas tem Lula Queiroga, DJ Dolores, Junio Barreto, Mombojó, China, Mundo Livre s/a e até Chico Science & Nação Zumbi. Ta-hi, trilha sonora clandestina e não autorizada, mas quem se sentir prejudicado avise, que extraio o link imediatamente! Pois não estou vendendo a trilha sonora do livro, e sim está ai, de graça e sem fins lucrativo, com intuito de divulgar esses artistas talentosos para os amantes desavisados de boa cultura musical, e irem espontaneamente atrás das obras desses músicos.

Vai de presente a versão E-book de "A Bela do Morro" em PDF, brinde limitado! Sendo assim, fica mesmo irresistível. ;)

Gamma

Obs: se o E-book não tiver mais no arquivo zipado, é porque já esgotou! Para mais informações sobre o livro, é só acessar http://www.clubedeautores.com.br/book/42299--A_Bela_do_Morro

Baixe, pesquise e adquira a obra desses artistas:

domingo, 4 de setembro de 2011

Rock alternativo, praia & paixões


Nessa época eu marcava quatorze anos, cursava a sétima serie do primeiro grau. Não tinha dinheiro no bolso, não era surfista, não tinha carro e nem era o cara beleza padrão que as garotas curtiam. Era 1994. Residia e estudava em uma região litorânea, tendo a praia como principal entretenimento. A irmã de um colega que estudava comigo esteve na Austrália. Era uma mulher enorme. Ela trouxe do continente australiano alguns discos de rock e outros CDs, pois acontecia de forma frenética essa mudança de formato de áudio. Uma vez que fui à casa desse colega, ele mostrou o vinil dessa banda de enorme nome, importado da Austrália. A irmã dele – bem mais adulta que nós – era uma gata, um sonho de qualquer adolescente espinhoso como eu. Loira bronzeada, com todos opcionais volumosos! Ela tinha uma tatuagem tribal nas costas... Eu só a conhecia de vista, pois ela já deveria ter seus vinte cinco anos. Nunca trocou um dedo de prosa comigo. Apenas sabia que ela gostava de rock “cabeça”. Ele passou as faixas do LP em um passa-disco da Philips, enquanto conversávamos no terraço. Eu pirei com o som, com a alta harmonia... Fiquei sacando a capa do disco... Onde encontrar? Ah! Esse só na Austrália. Comprei uma fita Basf e pedi imediatamente para gravar esse disco. Eu levava essa fita para onde ia. Não saia de meu walkman. Impressionava-me tanto o som, que vez por outra ia à casa dele só para rever a capa do vinil, os dados de produção e os nomes dos músicos, em inglês australiano. No disco não tinha uma só palavra em português. Ele me disse que a irmã dele foi a um concerto de rock australiano, e apreciou de perto essa banda tocando, por isso comprou o disco. Ela deveria ter ido a estudo, fazer intercambio... Emprestar o LP jamais! Como o queria! Mas contentava-me com a fita cassete, pois o som ficou bom e eu ouvia alto, quando estava em casa, nos sábados de manhã. Se eu ia pra praia, no bar que chegava, pedia pra colocar a fita. Naquela época não existia a internet. As revistas de rock não falavam dessa banda! O nome da banda, eu nem sabia pronunciar direito, mas sabia que significava algo como “selvagens aboboras da meia-noite”. A fita foi copiada varias vezes. Pois a quem eu mostrasse, logo uma cópia surgia. A minha fita se transformou em uma matriz! Não tinha surfista que ouvisse o som dessa banda e não pirasse! Quem é? De onde é essa banda? Não tinha no Brasil! Um dia me roubaram a matriz. O colega que gravou a fita já havia se mudado e sua irmã gostosona, dona do LP, já estava morando no continente australiano, assim soube depois. Nunca mais ouvi essa banda... Passei mais de dois anos com essa fita no topo das paradas, tocando em meus tímpanos em qualquer lugar que fosse. Perde-la me fez muita falta! Era como se faltasse alguma coisa, um vício bom... Talvez foi como perder uma namorada que fazia um boquete legal! Fui até uma loja alternativa de importação de disco, caríssimo! Meu dinheiro era apenas para a passagem do ônibus que me levava ao colégio. Anos depois, quase dez anos depois... Baixei da internet, mas já não tinha meus quinze anos, nem espinhas, nem cabelos longos, já era barbudo, chato, quase não ia a praia e ouvia outros sons. Baixei, e baixou altas lembranças de uma época que a única preocupação era passar de ano na escola! Meu sofrimento não era por falta de dinheiro, era pela garota mais bonita do colégio que namorava o carinha que tomava anabolizantes e tinha um opala rebaixado. Meu vício era o rock alternativo e meu passa tempo era a praia com seu mar azul pra cacete!

A banda Wild Pumpkins At Midniht foi formada em 1984 na Tasmânia, mas é uma banda australiana. É composta por Debra Mankey nos vocais, violões e guitarra, Dan Tuffy no baixo, Michael Turner na guitarra e Ashley Davis, bateria. A banda fez turnês pela Europa e Austrália. Só em 1990 que a banda decidiu morar em Amsterdã, capital holandesa, onde fazia sucesso. Em seu período de atividade, até 1998, os “selvagens aboboras da meia-noite” gravaram treze excelentes discos. Creio que nenhum lançado no Brasil. Talvez o próprio “Strangeways”, mas nunca o vi em loja alguma. Esse em questão – Strangeways – foi gravado em Londres, em 1993. A alta harmonia dos violões, vocais e guitarras, recheiam o disco de cabo a rabo, com muitas doses de folk psicodélico! A harmonia bem trabalhada sempre foi característica forte do rock australiano. As faixas hits entre surfistas brasileiros why do i e sending vampire fizeram parte da coletânea mais vendida de rock australiano no Brasil, “Australian rock”, distribuído pela Paradoxx. Pode baixar e apreciar sem moderação! Dentro do arquivo zip, coloquei foto da banda, capa do disco e uma curiosa e bela gravura, com certeza de alguma turnê. ;)

Gamma

****excelente

gênero: rock alternativo, folk, indie, psicodelia orgânica.

http://www.4shared.com/file/V_295NcZ/WILD_PUMPKINS_AT_MIDNIGHT_-_ST.html?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Uma obra prima do punk/hardcore!


Esse já é uma raridade em formato físico. É a melhor banda punk/hardcore do norte/nordeste, e na minha modesta opinião, a melhor do Brasil. Já haviam me pedido essa obra prima do punk nacional, o primeiro disco dessa banda, depois de mais de dez anos de luta e resistência. Ainda tinham o ódio no nome, destacando os dois sentimentos mais puros a habitar o coração de um homem: o ódio e o amor. Tá-hi, cru e direto como a porrada desse grito! Um vocalista que empurra sua comunidade pra briga, instigando os jovens a vencer, um guitarrista que fabrica suas próprias guitarras, dando aula de "do you it self " e um batera preciso que arrasa nas baquetas, é porrada seca! Não tem muito o que informar, pois a música punk é direta e clara, não passa geralmente de três minutos, é pra dar o recado sem prolixidade, curto e certeiro como um tiro, na goela ou no coração. Uma banda que marcou a comunidade Alto José do Pinho no mapa do Brasil. Esse alto bairro do Recife, que usou da arte ponte para novas possibilidades, sem crise e com pressa de vencer!

Gamma

*****clássico

genero: punk/hard core

JAZZ FUZION TURCO PSICODÉLICO, COM MUITO ÓPIO!


Aka Gündüz Kutbay, Okay Temiz, acompanhado pela banda Oriental Wind, dois grandes nomes do jazz turco e da cultura asiática. Aka toca todos os tipos de instrumentos de sopro asiático. Já Okay é o Nana Vasconcelos da Turquia. Esse projeto gravado na década de setenta é raríssimo até no seu país de origem, o país de onde sai o expresso do oriente! Encontrei esse disco em um bazar, organizado por seguidores do sufismo, uma filosofia árabe, talvez/se oriente médio a seguisse, não seria a tensão secular que vivencia a terra de Maomé. Comprei por míseros cinco reais, produto importado de Stambul. O bobo que deixou essa pérola no bazar, não sabia realmente do valor artístico desse áudio sonoro. E ainda bem que veio parar em boas mãos! ;)
Esse jazz turco é um misto de funk com psicodelia e improviso, que ao invés de utilizar as possibilidades do sax – instrumento do Milles DavisAka usa flautas tibetanas, indianas, amazônicas, diversos apitos e sopros exóticos, autorais, criados pelo próprio finado Aka, um ícone musical na Turquia e em toda Ásia. A sonoridade apesar de ser oriental, soa bastante brasileira e cinematográfica, talvez pelas flautas presente em todo trabalho. Onno Tunç, que toca baixo e guitarra jogou um tempero funk jazz em algumas faixas, emprestando seu toque mais cool. O sax, chamado pelos turcos de saksafon apenas delineou o conceito étnico do som. Talvez  essa pérola rara inspirou jazzistas norte americanos para caminhos de possibilidades étnicas e psicodélicas.
Sabe aquele disco que você escuta e no meio, lá pela quinta música, sempre acontece alguma coisa extraordinária. Uma vez ouvindo esse disco, solitário em casa, recebi um telefonema do nada, hiper sinistro, mas muito interessante. Era a voz de uma mulher com sotaque estrangeiro. Ela disse que foi engano, quando eu respondi que a pessoa desejada não existia onde eu residia. Como estava sempre carente por amizades, perguntei tentando puxar assunto: que sotaque lindo, de onde você é? Da Argentina? Ela respondeu com seu português ainda em experimento, depois de uma risada: que Argentina? Sou de Ancara! Ela riu e desligou. Ao terminar o CD, que já passava da penúltima faixa, entrei na internet, para pesquisar que cidade era essa ou país... Antes que esquecesse o nome estranho, que para mim até então era um país! E que país era esse? Advinham? Ancara é a capital da Turquia! Eu achava que era Stambul! Fiquei arrepiado, como uma turca ligou do nada? E justamente no momento que ouvia um jazz turco! Mas pura coincidência, afinal, existe uma colônia considerável desse país em na capital do Amazonas. Depois ouvi várias outras vezes o Zikir e nem uma turca ligou novamente enganada. Um raio não costuma cair no mesmo lugar. ;)
Não poderia deixar de mencionar esses iluminados e talentosos músicos:
OKAY TEMIS: percussões, bateria, berimbais, tablas, maricas, etc
AKA GUNDUZ: instrumentos de sopros indianos, tibetanos, turcos, etc
TUNA OTENEL: piano
D.D. GOUIRAND: sax
ONNO TUNÇ: baixo e guitarra
****Excelente
gênero: exotic, jazz cool, experimentalismo.
Gamma
Link para download, deguste em uma viagem pelos rios amazônicos:

sábado, 30 de julho de 2011

(Edição Especial) - ENGENHEIROS DO HAWAII - Ouça o que eu digo: não ouça ninguém.



É a continuação do disco “a revolta dos dandis” – um clássico do rock nacional – tanto é que as capas são praticamente iguais, mudando apenas as cores, posições fotográficas e símbolos, mas todo o conteúdo sonoro e artístico é com a mesma temática do anterior. E para isso ficar mais claro, a imagem do disco anterior está contida nesse, observe a cima na contra capa do vinil. Toda essa simbologia pop era mesmo para afincar um conceito ideológico. Lembro que ouvia esse disco no auge de minha adolescência, e minhas idéias se expandiam absorvendo suas frases de efeitos. Eu ficava desenhando nas folhas do caderno de matemática as engrenagens da capa do disco... É essa a intenção natural do rock “cabeça”, a sacada de “marketing”, entrar no coração e atingir a mente. O som do “ouça o que eu digo...” é mais limpo, mas a sonoridade anos setenta é “quase” a mesma do disco amarelo que é mais cru. Nesse Gessinger e sua trupe, produziram canções mais harmônicas com o mesmo clima invernal de indagações, efeitos expansivos e provocativos. A guitarra do Augusto Licks ficou mais econômica, já a bateria do Maltz, laconicamente mais limpa – mas sem referencia a bateria do disco “o papa é pop”, absurdamente e audaciosamente new-wave em 1990. Estão aí clássicos com letras atuais – sempre atuais – que hoje o Humberto nem se quer toca em suas apresentações ao vivo, com exceção da inspiradíssima “somos quem podemos ser”, obrigatória em qualquer coletânea descente de rock nacional. Faz-se destaque a bela pop-song – lírica e tensa – “cidades em chamas” com “sampler” de sirenes, bombas – fazendo o ouvinte imaginar o caos de um ataque aéreo – as “dissonanticas” geniais “nunca se sabe”, “a verdade a ver navios”, e as enigmáticas “pra entender” e “variação sobre um mesmo tema”, essa penúltima relida no semi-acústico “filmes de guerra, canções de amor”. As faixas do vinil – hoje facilmente encontrado disponível em CD pelas prateleiras das lojas, com seu gráfico de encarte original reduzido – abusavam propositalmente (e afrontavam) dos trocadilhos inteligentes. Parecia que o Humberto pesquisava um vocabulário para fazer o encaixe perfeito em combinações de palavras irmãs que delicadamente foram unidas nas frases: “o coração sempre arrasa a razão”, “Dylan e seus dilemas”, “quem duvida da vida”, “a vida imita o vídeo”, “que alguém acorda, e a corda arrebenta do lado mais fraco”, “isso me sugeri, muita sujeira”, “havia um romance, ao alcance das mãos”, “que chega a hora de dizer chega”, “adeus a procura de Deus”... Hoje pode ser muito fácil para os novos poetas e compositores construir frases de efeitos, pois está disponível generosamente na internet os avançados sites de buscas. Antes não! Esses jovens tinham que ir aos livros em garimpo de conhecimento. Ato raro hoje num país que simplificou a literatura através da tecnologia. Mesmo assim, com todo mecanismo tecnológico, a criatividade ainda deixa a desejar em relação a geração “oitentista”. E preste atenção no sentido da frase, o disco informa, “ouça o que eu (TE) digo: não ouça ninguém!”, observe que a pontuação – de dois pontos – mudou o sentido da frase completamente! Ele não pede para ser ouvido, e sim sugeri o leitor/ouvinte a não ouvir ninguém, fazer o que pede o seu coração dentro de uma coerência, ou tirar suas próprias conclusões sem influencias, já que o coração arrasa a razão, como diz na faixa escondida cantada por Augusto Licks(!) – mostrando discretamente seu bom e suave vocal – de “variações sobre um mesmo tema”. Nessa última que fecha o disco, é apresentado no corpo da composição três possibilidades de rock progressivo. Na provocativa "tribos e tribunais", em uma estrofe da letra, o trio já profetizava o "presidente operário", em 1988. Acertou no pé d'ouvido, a mensagem do "head rock" sempre será atual. “Ouça o que Eu Digo: Não ouça Ninguém” foi o motivo e o elemento básico para o arrebatamento de um enorme rebanho de seguidores dessa banda, que fez historia na vida de muitos adolescentes ávidos por canções embutidas de informação, aliteração e poesia.

Gamma

****** clássico - presença obrigatória em sua pratilheira sonora.

Onde encontrar: além de ser formato fácil em download pela internet, encontra com preço acessível nas lojas de CDs. Baixe, mas compre o CD, vale a pena!

Arquivo MP3 para download: