domingo, 4 de dezembro de 2011

Abstract Truth - duas iguarias africanas em uma só garrafada!




Quando morava mais só do que merecia, ouvia bastante as coletâneas do produtor Thomas Hartlage, que garimpou a música psicodélica do mundo, a registrando em dez volumes, incluindo o Brasil. Eu possuía todos os volumes rodando em meu aparelho de mp3. Era no minimo viciante. As bandas eram dos anos 60 a 70, e impressionantemente “undergrounds”. Esse produtor não incluiu bandas de “sucesso”, são quase todas desconhecidas. Até mesmo o volume seis, do Brasil, em maioria as músicas são de artistas solos desconhecidos e bandas obscuras dos anos 60/70. Do volume oito, African Psychedelic, uma banda me chamou atenção: Abstract Truth. Descobri através dessas coletâneas que não eram apenas os americanos e ingleses que entendiam de ROCK. O Abstract Truth pode ser um marco underground da criatividade da África do Sul. Lançaram apenas esse dois discos Totun e Silver Trees, e o segundo com prensagem limitada de 500 LPs. O primeiro(Totun) é composto basicamente de regravações com sotaque próprio e arranjos quase que imperceptíveis – destaco uma linda versão para o sucesso popular “summertime”. Nos dois discos, algumas faixas são cantadas e outras instrumentais. As faixas cantadas são calcadas no folk. Nesse Totun podemos afirmar que a flauta ganhou mais evasão que o sax. É o jazz africano que quase não difere do jazz brasileiro. O segundo LP Silver Tees é de composições próprias, absurdamente cool , mais pop que o primeiro e com regradas doses de psicodelia. Os dois trabalhos do Abstract não fazem feio as bandas inglesas como Traffic e Jethro Tull. Impressionava-me e causava-me sensação agradável ao ouvir instrumentos étnicos embutidos dentro do jazz cool, com teores razoáveis de psicodelia e solos sofisticadíssimos de guitarras. Era como se Hermeto Pascoal e Nana Vasconcelos encontrassem Frank Zappa e Miles Davis no estúdio, dentro de um só formato sonoro. Muitas vezes o solo da flauta não faz a falta da guitarra. Mas sim(!), a guitarra sempre lá, embebida de grooves e efeitos, dividindo constantemente espaço com o jazz, dentro de um equilíbrio estranhamente perfeito e orgânico.
     Destaque para summertime do Totun, e, in a space do Silver Trees, que criam climas e lembranças.

Vale mencionar o nome desses maravilhosos músicos.

Ken E. Henson (guitarra, vocais); Peter Measroch (piano, órgão, flauta, cravo, vocal), George Wolfaardt (baixo, flauta, bateria, vocais); Sean Bergin(saxofone, flauta).
Nem mesmo na wikpedia encontrei informações mais completas sobre o Abstract Truth.

Vale ouvir saboreando um vinho, geladérrimo ou fazendo um turismo cool pelos caminhos da Amazônia(infelizmente ameaçada de morte por garimpeiros, fazendeiros, políticos gananciosos, madeireiros, caçadores...(!)).

Obs: são os dois discos em um só arquivo.
Pode baixar e ouvir sem moderação:
Gamma

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