sábado, 31 de dezembro de 2011

Para mim Honolulu é o melhor do Lulu.



Esse Honolulu é meio considerado lado B, pelo próprio Lulu, mas garanto que não tem a tentativa de soar complexo e “genial”, como o anterior Popsambalanço & Outras Levadas. A instrumental moonsense, faixa que abre o disco, posicionava-se bem a frente da época, indicando o futuro da música pop. Depois de uma overdose de ritmos tropicais e inovadores em Popsambalanço, Lulu voltou a respirar a sonoridade rock e vestir a temática popsurf zen”. Era inicio dos anos 90 quando ouvi o vinil pela primeira vez. Talvez essa transição de década fora uma das mais tensas no Brasil e no mundo. O muro de Berlim ia ao chão, o ex-presidente Collor lançava um plano econômico tão imprudente quanto “um tiro no escuro”, a guerra no Iraque era principal destaque na mídia, a indústria musical fechava as portas para o rock que era substituído urgentemente pela lambada e música sertaneja.  Um grande amigo – fã de carteirinha – possuía o LP Honolulu, e era o seu disco preferido da discografia do Santos. Meados de 1993 nós ouvíamos juntos esse disco, debatendo assuntos atuais e imaginando a maior gata da praia do Janga, décadas depois, mergulhada na canção nostálgica papo cabeça. Essa balada pop song fala de um reencontro, de um possível vasculho no passado sem grilos e brios... A gente se amarrava na letra de papo cabeça, hoje presente em seu segundo disco acústico em uma justa releitura. Outro hit delicioso é a esperta versão para i am beliver do The Monkees, que se transformou em não acredito, com um poderoso e pegajoso refrão. As canções desse disco absorviam toda tensão vivenciada em uma época de transição, guerra, crise política, individualismo e incertezas. Prova é a bem sacada e elaborada samba em Berlim, que exalta a festa depois da queda do muro alemão, destaque para as iradas linhas de guitarras gravadas nessa faixa. A hiper pop pra você parar, também foi outro hit nas rádios, e repito, em uma época de depressão e fim dos tempos. As mais pesadas leia meus lábios(que era saudada pela instrumental rio comprido blues) e senta a pua traduziam com eficácia a previsão de explosão que vivia o Brasil. Duas porradas bem acertadas! O interessante é que as letras continuam atuais, nada soa datado ou saudoso, pois o mundo não muda nunca, os problemas continuam os mesmos, de outro formato e tamanho. Já a sonoridade é exatamente o que se tenta fazer hoje, driblando a tecnologia e excesso de "inovações". E para fechar o disco com chave de ouro, Lulu mandou uma bossa despretensiosa, outro-papo, felizmente! Garanto que é um dos melhores da discografia do Lulu, e para mim, ainda é o melhor!

Gamma

Ao Cleison Ximenes, grande fã do Lulu, que me fez ouvir varias vezes esse disco, tornando-o mais uma trilha sonora de nossas "andadas" pelas praias do Janga dos anos 90. Podem baixar em melhor qualidade de mp3 / 320 kbps:

http://www.4shared.com/zip/tHOyV0z8/Lulu_-_honolulu.html?

sábado, 24 de dezembro de 2011

Bob Dylan e Steve Jobs ?



Esse do Bob Dylan é mais calcado no folk e country. Mas, porém, tem lay, lady, lay, que para mim, é uma das músicas mais lindas do mundo! E já valeu o disco! O Duran Duran a regravou, no álbum Tank You, que também ficou fodástica. Mas a original é a original. Fora a capa do disco que é linda, dou mais um motivo para baixar e ouvir esse, era um dos discos preferido do Steve Jobs. Oh grande motivo! O que tem a ver Steve Jobs com Bob Dylan? Ah sabe-se que em sua juventude, quando ele fumava skank, era um fã do Bob Dylan. E o Jobs foi tão importante para a tecnologia, assim como Dylan foi (e é) para música. Saída esperta né!? ;)

                                            "lay, lady, lay" canção infalível!
Gamma

Pode beber, fumar e foder, sem moderação:


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um presentinho de natal !



Bem, esse disco dispensa comentários. Sugiro os blogs da vida que rondam pelo Google, como esse... Que babam esse disco até escorrer. Não é pra menos, além de estar na lista dos 1001 discos para se ouvir antes de morrer, e na lista dos 100 melhores discos de todos os tempos da música brasileira, é a gravação mais descontraída e inusitada existente em nossa arte pop tropical. Músicas longas(taj mahal virou uma viajem de mais de 14 minutos) e disco duplo, em duas versões. Essa é a versão original, ou seja, sem cortes. Pois foi lançada uma versão mais compacta, ou, diga-se de passagem, mais “comercial”. Gil e Jorge juntos, chapadaços(bem, ao menos em transe!), encarnados em Xangô e Ogum. Como nas melhores gravações de jazz, nesse, apenas o violão, baixo e a percussão são improvisados juntos e livres em um só play, dentro de clássicos de Ben e Gil. Ouço esse disco há mais de dez anos... Sempre. Nunca postei nada, pois nunca encontrei palavras técnicas ou coloquiais para decifrar tantas sensações agradáveis aos gratificados tímpanos abençoados por essa obra. Dois grandes músicos no auge de suas criações, juntos, num estúdio! Dois violões, dois black stars, duas divindades do candomblé, dois expoentes máximos da música brasileira... Só podia resultar em uma obra prima! E não posso deixar de mencionar a inspiradíssima capa do disco. Só ouvindo... Pra sentir! Com uma cerveja fodásticamente gelada! Ave Gil e Jorge!

contra-capa do vinil

Pode se chapar, em 320 kbps, alta qualidade mp3:
http://www.4shared.com/zip/QCw7P8a7/Gil__Jorge.html?

Mais um rock alternativo de primeira linha!



Galaxie 500 é um prato de iguarias para quem não gosta de rock barulhento. É o biscoito fino do alternativo. Essa banda californiana eu ouvia em fita no inicio dos anos noventa, quando resolvi deixar os cabelos crescerem. Me emprestaram e nunca mais devolvi a fita. Nunca tinha visto um LP do Galaxie 500 no Brasil. Quando eu projetava uma banda na cabeça, esse era o som em que sonhava fazer. Barulhinho cru, técnicas de gravações propositalmente orgânicas, lindos solos "hendrixianos" emocionalmente sinceros e puros, como aquela adolescência ingênua pelas praias do Janga. Hoje muitas bandas tentam captar essa atmosfera, mas nem sequer acertam na trave! Pureza e honestidade são atributos que não se forçam, são naturais e gratuitos. Pra quem gostou(gosta) do Velvet Underground, vai ficar viciado no Galaxie 500. Esse em questão, the portable, trata-se de uma bem bolada coletânea da banda. Como o próprio título sugeri, "o portátil", é qualquer coisa que pode ser lavado e usado em qualquer lugar. Olha ai que bacana, mais um presentinho de natal, uma deliciosa coletânea dessa maravilhosa banda. Sendo assim, pra quem não conhece o Galaxie 500, já é um bom motivo para passear os ouvidos pelo melhor de sua discografia!




Dean - guitarra 
Damon - bateria
Naomi - baixo

Gamma

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Geraldo muito além de "dia branco" e "chorando e cantando".



Às vezes lembro alguns luais perdidos no passado do Janga, bairro litorâneo que me criei... Basta ouvir alguma música do Geraldo Azevedo que vou até lá, no passado... Nessas idas tenho medo de ficar por lá. É aquelas músicas manjadonas do Geraldo, como dia branco, trilha sonora que embalou muitos namorinhos nos janeiros de verões. No Janga, na década de oitenta, para conquistar uma gatinha “cabeça”, dia branco no toca fitas do fusca era infalível. Resolvi postar esses dois discos, que marcam o auge da criatividade de Geraldo, que estreou em 1972 ao lado de Alceu, dividindo o disco Quadrafônico – que breve postarei aqui – uma pérola psicodélica pernambucana. Só em 1977 que Geraldo fez sua estréia solo. Dois motivos para mencionar esses dois belos discos aqui: possuí o primeiro vinil em casa e ouvia quando criança. Segundo motivo: tratasse de duas obras primas da música nordestina. Aqui não vais encontrar seus conhecidos “greatest hits” como a citada dia branco ou moça bonita, chorando e cantando, canta coração, dona da minha cabeça...  Mas vai saber o motivo de Geraldo Azevedo manter um público fiel, crescente e que está muito além de dia branco e chorando e cantando. Afirmo que a estréia é quase a continuação do Quadrôfonico, em parceria com Alceu.  Mas se antes a maioria das canções foram creditadas a Alceu, nesse disco de estréia, ficou claro o talento de Geraldo e a quantidade de canções valiosas escondidas na manga. A primeira que abre o disco e a sua carreira solo, cadê meu carnaval, é um samba de terreiro de primeiríssima qualidade, misturando um jogo complexo de palavras africanas, creio que difere de quase tudo que Geraldo já fez. É nesse que tem a clássica “caravana”, transformada em uma suíte – aquela do refrão que arrasta o coro do público em seus shows “la lalala la auê” –  dentro de um bem sacado pout-porri, incluindo talismã e barcarola do São Francisco.  E também tem pedra e cal, que mostra o lado rock e blues de outras influencias absorvidas do esquecido movimento pernambucano “udigrudi”. No disco Bicho de Sete Cabeças que carimbou seu nome e o projetou para todo o Brasil, emplacando a psicodélica e clássica taxi lunar, do power trio nordestino Alceu, Zé e Geraldo, traz canções mais amigáveis com o  rádio. Diga-se de passagem, nesse segundo disco, quase todas as canções foram compostas em parceria com Carlos Fernando, grande idealizador do Asas da America e responsável pela a modernização e expansão do frevo. A viajada taxi-lunar se não foi gravada, foi cantada, tanto por Alceu e registrada pelo parceiro Zé Ramalho no disco Orquídea Negra, mas a gravação de Geraldo é a versão mais conhecida desse clássico lisérgico, praieiro e obrigatório em qualquer luau. Passam anos, passam anas e esse psychedelic hit continua aceso nos violões da garotada das praias pernambucanas. A minha preferida é semente de Adão, presente em tema de novela (mini-série Amazônia) e no disco cantoria I; é perfeita (!), embutida de efeitos orgânicos parecidos com os ruídos produzidos por Hermeto Pascoal. Infelizmente não consegui encontrar as referencias de produção e nem mesmo os músicos que acompanharam Geraldo Azevedo nesses dois discos. Nem no próprio site do artista tem informações. Em bicho de sete cabeças – outro clássico estudado nas universidades de música, pela sua complexidade – ganha letra e voz participativa da então desconhecida Elba Ramalho. Paula e Bebeto de Milton e Caetano e meu pião de Zé do Norte emendada com águas de março de Jobim, com o toque pessoal de seu violão, registrando definitivamente seu estilo único como compositor e interprete. Vale a pena ouvir e ver com outros olhos esse talentoso artista de nossa música popular brasileira. A gravadora poderia relançar em embalagem especial, com encartes, dados de produção e breve estória de bastidores de gravação. Mas a iniciar pelo site do próprio artista, que pouco relata sobre as obras discográficas e motiva canções de altíssimos valores permanecerem escondidas nos lados B.


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A revolução do jazz fusion!


Todos os amantes do jazz sabem que esse é o disco, e o Miles Davis é o cara. Mesmo finado, deve estar em algum lugar desse universo infinito, continuando “o cara”. Novas possibilidades e conexões musicais inéditas são exploradas sem economia nesse clássico da música experimental pop. O jazz deixou a raiz e incorporou guitarras com efeitos, blues, acid rock, funk... Não permitindo o papel ao sax de apenas coadjuvante. Dá pra entender? Só ouvindo nos tímpanos! Impressiona pela inovação progressiva e basicamente pelo pioneirismo no jazz fusion. Pois as influencias de Miles Davis na década de 60 ficaram claras nesse "bitches brew": James Brown, Jimi Hendrix, Sly and Family Stone entre outros. Além de absorver, o próprio Miles era amigo dessa geração histórica e rebelde, pois se conheceram através da noiva do Miles, a modelo Betty Mabry. Para se ter mais dimensão da diversidade, vale mencionar o tempero do percussionista brasileiro Airto Moreira, que toca no disco inteiro. Em menos de um ano “bitches brew” alcançou meio milhão de cópias vendidas. E viva a música! Onde um disco de jazz venderia assim? Só em seu país de origem! No Brasil, um disco de bossa nunca atingiu essa marca em um ano. Foi oficialmente o primeiro disco de jazz a fundir jazz & rock. Esse registro especial vem com uma faixa bônus, de título “feio”, onde o som de uma cuíca gaiata desafia o sax do Miles, o sax que é ponto de convergência do “bitches brew”! Vale ouvir tomando uma cerveja preta, bem gelada! ;)

Gamma

Pode beber, ops, baixar:

http://www.4shared.com/file/v7-fJGh6/Miles_Davis_-_britches_brew.html?

domingo, 4 de dezembro de 2011

Abstract Truth - duas iguarias africanas em uma só garrafada!




Quando morava mais só do que merecia, ouvia bastante as coletâneas do produtor Thomas Hartlage, que garimpou a música psicodélica do mundo, a registrando em dez volumes, incluindo o Brasil. Eu possuía todos os volumes rodando em meu aparelho de mp3. Era no minimo viciante. As bandas eram dos anos 60 a 70, e impressionantemente “undergrounds”. Esse produtor não incluiu bandas de “sucesso”, são quase todas desconhecidas. Até mesmo o volume seis, do Brasil, em maioria as músicas são de artistas solos desconhecidos e bandas obscuras dos anos 60/70. Do volume oito, African Psychedelic, uma banda me chamou atenção: Abstract Truth. Descobri através dessas coletâneas que não eram apenas os americanos e ingleses que entendiam de ROCK. O Abstract Truth pode ser um marco underground da criatividade da África do Sul. Lançaram apenas esse dois discos Totun e Silver Trees, e o segundo com prensagem limitada de 500 LPs. O primeiro(Totun) é composto basicamente de regravações com sotaque próprio e arranjos quase que imperceptíveis – destaco uma linda versão para o sucesso popular “summertime”. Nos dois discos, algumas faixas são cantadas e outras instrumentais. As faixas cantadas são calcadas no folk. Nesse Totun podemos afirmar que a flauta ganhou mais evasão que o sax. É o jazz africano que quase não difere do jazz brasileiro. O segundo LP Silver Tees é de composições próprias, absurdamente cool , mais pop que o primeiro e com regradas doses de psicodelia. Os dois trabalhos do Abstract não fazem feio as bandas inglesas como Traffic e Jethro Tull. Impressionava-me e causava-me sensação agradável ao ouvir instrumentos étnicos embutidos dentro do jazz cool, com teores razoáveis de psicodelia e solos sofisticadíssimos de guitarras. Era como se Hermeto Pascoal e Nana Vasconcelos encontrassem Frank Zappa e Miles Davis no estúdio, dentro de um só formato sonoro. Muitas vezes o solo da flauta não faz a falta da guitarra. Mas sim(!), a guitarra sempre lá, embebida de grooves e efeitos, dividindo constantemente espaço com o jazz, dentro de um equilíbrio estranhamente perfeito e orgânico.
     Destaque para summertime do Totun, e, in a space do Silver Trees, que criam climas e lembranças.

Vale mencionar o nome desses maravilhosos músicos.

Ken E. Henson (guitarra, vocais); Peter Measroch (piano, órgão, flauta, cravo, vocal), George Wolfaardt (baixo, flauta, bateria, vocais); Sean Bergin(saxofone, flauta).
Nem mesmo na wikpedia encontrei informações mais completas sobre o Abstract Truth.

Vale ouvir saboreando um vinho, geladérrimo ou fazendo um turismo cool pelos caminhos da Amazônia(infelizmente ameaçada de morte por garimpeiros, fazendeiros, políticos gananciosos, madeireiros, caçadores...(!)).

Obs: são os dois discos em um só arquivo.
Pode baixar e ouvir sem moderação:
Gamma