domingo, 4 de setembro de 2011

Rock alternativo, praia & paixões


Nessa época eu marcava quatorze anos, cursava a sétima serie do primeiro grau. Não tinha dinheiro no bolso, não era surfista, não tinha carro e nem era o cara beleza padrão que as garotas curtiam. Era 1994. Residia e estudava em uma região litorânea, tendo a praia como principal entretenimento. A irmã de um colega que estudava comigo esteve na Austrália. Era uma mulher enorme. Ela trouxe do continente australiano alguns discos de rock e outros CDs, pois acontecia de forma frenética essa mudança de formato de áudio. Uma vez que fui à casa desse colega, ele mostrou o vinil dessa banda de enorme nome, importado da Austrália. A irmã dele – bem mais adulta que nós – era uma gata, um sonho de qualquer adolescente espinhoso como eu. Loira bronzeada, com todos opcionais volumosos! Ela tinha uma tatuagem tribal nas costas... Eu só a conhecia de vista, pois ela já deveria ter seus vinte cinco anos. Nunca trocou um dedo de prosa comigo. Apenas sabia que ela gostava de rock “cabeça”. Ele passou as faixas do LP em um passa-disco da Philips, enquanto conversávamos no terraço. Eu pirei com o som, com a alta harmonia... Fiquei sacando a capa do disco... Onde encontrar? Ah! Esse só na Austrália. Comprei uma fita Basf e pedi imediatamente para gravar esse disco. Eu levava essa fita para onde ia. Não saia de meu walkman. Impressionava-me tanto o som, que vez por outra ia à casa dele só para rever a capa do vinil, os dados de produção e os nomes dos músicos, em inglês australiano. No disco não tinha uma só palavra em português. Ele me disse que a irmã dele foi a um concerto de rock australiano, e apreciou de perto essa banda tocando, por isso comprou o disco. Ela deveria ter ido a estudo, fazer intercambio... Emprestar o LP jamais! Como o queria! Mas contentava-me com a fita cassete, pois o som ficou bom e eu ouvia alto, quando estava em casa, nos sábados de manhã. Se eu ia pra praia, no bar que chegava, pedia pra colocar a fita. Naquela época não existia a internet. As revistas de rock não falavam dessa banda! O nome da banda, eu nem sabia pronunciar direito, mas sabia que significava algo como “selvagens aboboras da meia-noite”. A fita foi copiada varias vezes. Pois a quem eu mostrasse, logo uma cópia surgia. A minha fita se transformou em uma matriz! Não tinha surfista que ouvisse o som dessa banda e não pirasse! Quem é? De onde é essa banda? Não tinha no Brasil! Um dia me roubaram a matriz. O colega que gravou a fita já havia se mudado e sua irmã gostosona, dona do LP, já estava morando no continente australiano, assim soube depois. Nunca mais ouvi essa banda... Passei mais de dois anos com essa fita no topo das paradas, tocando em meus tímpanos em qualquer lugar que fosse. Perde-la me fez muita falta! Era como se faltasse alguma coisa, um vício bom... Talvez foi como perder uma namorada que fazia um boquete legal! Fui até uma loja alternativa de importação de disco, caríssimo! Meu dinheiro era apenas para a passagem do ônibus que me levava ao colégio. Anos depois, quase dez anos depois... Baixei da internet, mas já não tinha meus quinze anos, nem espinhas, nem cabelos longos, já era barbudo, chato, quase não ia a praia e ouvia outros sons. Baixei, e baixou altas lembranças de uma época que a única preocupação era passar de ano na escola! Meu sofrimento não era por falta de dinheiro, era pela garota mais bonita do colégio que namorava o carinha que tomava anabolizantes e tinha um opala rebaixado. Meu vício era o rock alternativo e meu passa tempo era a praia com seu mar azul pra cacete!

A banda Wild Pumpkins At Midniht foi formada em 1984 na Tasmânia, mas é uma banda australiana. É composta por Debra Mankey nos vocais, violões e guitarra, Dan Tuffy no baixo, Michael Turner na guitarra e Ashley Davis, bateria. A banda fez turnês pela Europa e Austrália. Só em 1990 que a banda decidiu morar em Amsterdã, capital holandesa, onde fazia sucesso. Em seu período de atividade, até 1998, os “selvagens aboboras da meia-noite” gravaram treze excelentes discos. Creio que nenhum lançado no Brasil. Talvez o próprio “Strangeways”, mas nunca o vi em loja alguma. Esse em questão – Strangeways – foi gravado em Londres, em 1993. A alta harmonia dos violões, vocais e guitarras, recheiam o disco de cabo a rabo, com muitas doses de folk psicodélico! A harmonia bem trabalhada sempre foi característica forte do rock australiano. As faixas hits entre surfistas brasileiros why do i e sending vampire fizeram parte da coletânea mais vendida de rock australiano no Brasil, “Australian rock”, distribuído pela Paradoxx. Pode baixar e apreciar sem moderação! Dentro do arquivo zip, coloquei foto da banda, capa do disco e uma curiosa e bela gravura, com certeza de alguma turnê. ;)

Gamma

****excelente

gênero: rock alternativo, folk, indie, psicodelia orgânica.

http://www.4shared.com/file/V_295NcZ/WILD_PUMPKINS_AT_MIDNIGHT_-_ST.html?

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